
Quem convive comigo sabe o quanto é difícil fazer isso. Dia eu vou estar boa, dia eu vou estar ruim. Tudo depende de como eu acordar. Posso acordar e decidir que os dias vão ser sempre cheios de arco-íris ou posso acordar e decidir que vão ser cheios de tempestade. Ou não. Na verdade, eu só fico de tal jeito porque fico. As vezes procuro algum motivo pra dar quando as pessoas me perguntam o que eu tenho, e geralmente não encontro. Aí, fico triste por simplesmente estar triste.. As vezes eu acho alguma coisa, mas é como se eu ligasse um dispositivo com uma plaquinha em cima da cabeça escrito: ''Afastem-se!'' Quando, na verdade, eu quero dizer: ''Cheguem mais perto! Talvez um longo abraço me baste.. Eu preciso de colo!''. Porem, eu sei muito bem que ninguém tem bola de cristal e não sabem o que se passa aqui dentro. É claro que não sabem. Ninguém nesse mundo faz a mínima idéia da quantidade de coisas que se passam dentro de mim. Minhas angústias, minhas pequenas alegrias, meus dias de inverno ou meus dias de verão.. As vezes sinto como se eu fosse um peixe fora d'agua. Alguém que está no lugar errado, na hora errada, ocupando espaços que não eram para serem ocupados, ou ocupados por outras pessoas. São nesses momentos, nesses meus ''dias de depressão'', que eu me pego pensando qual a importância que eu tenho na vida de quem me rodeia, e sempre acabo pensando que não tenho quase nenhuma- mesmo sabendo que tenho- e me afastando. Me afastando de gente que só quer o meu bem. A vida inteira foi assim. Primeiro, vem a tristeza, depois as duvidas e depois fica tudo bem. Chega a sexta-feira a tarde e eu resolvo ficar legal. Mas esse resolver as vezes é até impulsivo, imperceptível, involuntário.
Não adianta eu tentar me explicar. Quem está do meu lado não me entende, quem dirá pessoas de fora. As vezes eu me pego numa busca incessante por qualquer coisa que me faça vibrar e quando não encontro eu me entrego pra melancolia de simplesmente não ter tal coisa. Ou de ter. É, acredite nisso. Eu sou egoísta, eu sei. Deve ser o meu pior defeito. Quando eu não tenho, eu quero. E quando tenho, de repente não quero mais.
Já tentei mudar. Já vi gente igual a mim e dei conselhos para isso. Já apanhei. Já caí. Já perdi pessoas. Estou perdendo.. Sempre perco um pouco de cada uma delas quando eu fico meio ''auto-suficiente''. Deve ser o meu auto-dispositivo falando mais alto contra decepções. Sei lá, sei lá..
As vezes parece que levantar da cama é uma luta diária contra mim mesma. Lutar contra as coisas que eu acho que deveriam, ou não, ser de tal forma. Lutar contra as minhas vontades absurdas e principalmente, contra os meus pensamentos caóticos. As vezes tenho a impressão de que vou acabar sozinha, sem ninguém pra me segurar. Isso acontece quando eu esqueço de eu posso voltar a margem, que eu posso voltar pra superfície, porque há sim pessoas que vão me acudir, que vão me segurar. Mas as vezes eu esqueço.. E gostaria que elas me lembrassem.. Mas eu percebi que ninguém tem bola de cristal e nem todo mundo lê isso aqui..
É preciso falar. Aprender a compartilhar. Não guardar. Dividir a cruz com alguém. É preciso de alguém do outro lado da ponte. Alguém que te faça seguir em frente. Alguém que te force a fazer as coisas. Alguém que aponte os erros.. Um alguém. Ou alguns ''alguéms''.
Eu tenho essas pessoas, mas as vezes me esqueço.. E é mais uma luta na qual tenho que enfrentar diariamente, não esquecer mais daquilo que me faz bem..
(Créditos: K.B)